- 6º episódio...
- Sugiro que leia esse texto ouvindo a música "Por perto", do Pato Fú.
Hoje quando Marcio entrou aqui para fazer a vistoria das dez horas, me vi pensando em outra pessoa que não ele.
Lembrei-me daquele meu vizinho que avistei no ônibus... Pensei que podia me abrir com ele, mas quando menos percebi, já estava fora do biarticulado e nem tive chance de falar-lhe sobre meus problemas. Problemas, aliás, que eu não tinha e nem tenho, mas que criaram para mim.
Esta manhã, ele parecia tão próximo, mesmo que apenas por pensamento. Sentia uma sensação boa ao lembrar dele e de seu rosto me observando, e como seus olhos me registravam naquele aperto das seis da tarde.
Senti uma estranha vontade de saber como ele estava e onde estava e se estava realmente em algum lugar. Será que ele ainda lembra-se de mim?
Essa semana, pelo que o Marcio me disse, sairei pela primeira vez da clínica, eles chamam aqui de “Dia do pode”. Poderei, portanto, passar um dia com amigos e família em casa. A grande questão é que na minha casa não terei nenhum amigo me esperando e minha família, como sempre será apenas composta por dois membros, minha mãe e o Chatran aquele gato safado que insiste em fazer xixi no meu pé.
Não sou muito fã do dia do pode não, gostaria era de ficar por aqui mesmo... pelo menos aqui ninguém me chateia, nem o Chatran, muito menos dona Laura. E ainda posso conversar com o Marcio até ele cansar e dizer: Lucia, entra, agora tenho que trabalhar!