sábado, maio 13, 2006

Varal

A roupa balança no varal e lá fora, só que do outro lado, o pequeno corre atrás da galinha.
Ele quer pegá-la pois acredita que dentro dela há milhões de ovos... de Páscoa.
Na cadeira de balanço, lá dentro, ela se lembra que tem que colocar a água pra ferver.
Deixa de lado seu bordado e põe a lenha para esquentar.
Ao fundo ela escuta o radinho de pilhas que grita alucinado um gol que ela não faz questão de saber de quem foi.
Ao mesmo tempo, um ronco alto, daqueles que estão fazendo o sujeito dormir com os anjos.
É ele, ele quem dorme ouvindo futebol.
Na escada, nem um só passo e lá fora, a roupa balançando no varal.
Aos poucos, ela ouve eles voltando da caminhada e a pequena, trás na blusa que faz de trouxa, um tanto de pinhão.
Os sapatos sujos e aquele frio típico, permitem que ele leve duas broncas, uma ao entrar com os pés enlameados e outra ao tirar os sapatos para que não sujem nada e pisando na lajota fria ouve:
“Olha o resfriado meu filho...”
O pequeno volta desapontado, não havia ovos de Páscoa!
A pequena se ajeita na cadeira de balanço com ela e juntas, continuam o bordado.
Ele prossegue a roncar e o jogo ainda não acabara.
O outro, já calçando sapatos limpos e quentes, cuida da água e do pinhão.
E a roupa, continua a balançar no varal.