sábado, junho 30, 2007

Calafrios de curiosidade

  • Homenagem ao meu querido amigo Tiago Pena, que por vezes deixa-me curiosíssima ao não contar por inteiro suas histórias. Amo você, querido! Obrigada.
  • Sugiro que leia esse texto, ouvindo a música "Chill Out", de Carlos Santana.

Quando ele entrou em minha casa sorrateiro, percebi em seus olhos um ar de mistério, trazia consigo um embrulho num papel já amassado meio cor de rosa, daqueles que servem para envolver presuntos defumados.

Eu já estava sonolenta e sentia o ar sombrio com que ele movimentava-se em minha sala apertada. Largou o embrulho em cima da mesa, ligou a tv e colocou num volume baixo para que eu não acordasse. Ainda assim, sentia vontade de ir falar com ele, mas o cansaço me acometia e não conseguia levantar.

No dia seguinte, quando acordei, nem ele, nem o tal pacote estavam em casa e dei-me conta que estava ligeiramente atrasada.

Tomei um banho às pressas e não parava de maquinar que diabos era aquilo que ele trouxera na noite anterior. Pensamentos iam e vinham e também a idéia de que morreria na curiosidade mórbida que me tomava as pernas e subia até meu ventre, causando-me enormes calafrios por não distinguir o que era aquele maldito embrulho.

O dia foi passando e a imensa angústia pelo não saber era motivo de distrações e maus pensamentos.

Ao retornar a meu lar, segui até a cozinha e encontrei em cima da geladeira o tal pacote.

Estávamos nós ali, eu e o embrulho e podia, sem dar na vista, abri-lo e sanar minhas questões.

Pois bem, lá fui eu, tão sorrateira quanto ele na noite anterior, sentia-me cometendo um delito.

Abri o dito cujo! Pronto, acabou-se minha curiosidade.