segunda-feira, maio 21, 2012

Aqui ninguém vai pro céu

  • Sugiro que leia este post ouvindo "Não existe amor em SP" do Criolo. Não tanto como um embalo, mas como um complemento ao post.
Muito tenho lido ultimamente sobre uma suposta crise de identidade de brasileiros que passam algum tempo morando em outros países e ao retornarem, sofrem da síndrome do regresso. Uma espécie de ressaca moral para com hábitos brasucas de quem passou momentos em outros lugares e não se deparou com o jeitinho brasileiro, com a desordem, com os atrasos, com a corrupção, tão parte da nossa cultura.

Sinceramente? Uma crise que faz jus ao momento que o Brasil vive. Nada mais "classe média sofre" que uma crise de regresso! Foi dado aquele up grade no poder econômico da moçada e o pessoal (assim como eu, primeira da minha família a fazer um mestrado fora) vazou do Brasil em busca de uma valorização do currículo acreditando piamente que estudar fora ainda vale mais que fomentar a produção acadêmica nacional.

Partindo daí já podemos começar a pensar um pouco no tema. Porque essa síndrome de cachorro magro? Porque ainda insistimos em buscar fora, alternativas que já existem no Brasil? Porque ainda valorizar um currículo internacional em detrimento aos excelentes currículos nacionais? Porque a urgência em fugir do Brasil na primeira oportunidade que nos é dada depois de anos sofrendo com expulsões ditatoriais pelos militares? Porque achar que ainda somos terceiro mundo quando essa expressão já caiu em desuso?

Síndrome de regresso? Chocar-se com atrasos? Com analfabetismo, índices de homicídios superiores aos de guerra, violência contra mulheres, sexismo, homofobia, e tantos outros temas que nos afligem! Porque nos chocamos com temas que diariamente compactuamos para formar a sociedade que somos? Seria diferente e acreditaria nessa síndrome de regresso se em algum momento buscássemos ser cidadãos! Apenas comparar países europeus ou da América do Norte com o Brasil é muito pouco.

Vale lembrar aos detentores da síndrome o quanto nosso atraso é produto da exploração da hegemonia dos países do norte? Vale lembrar nossa tamanha incompetência ao eleger "festa estranha com gente esquisita" para nos representar? Vale lembrar nossa falta de vontade de sair às ruas para protestar? Vale lembrar nossa incompetência em lidar com problemas fundamentais como saneamento básico? Vale lembrar que não conseguimos dominar ainda aquela velha máxima infantil de que "todos somos um e juntos não existe mal nenhum"?

Pra um Brasilzão que está começando a se lambuzar com o melado agora, é mesmo necessário reclamar na hora do regresso. É necessário apenas ver aonde erramos e, detectado o problema... continuar reclamando! Ora, pra que pensar numa solução se na verdade o que eu quero é que as mazelas continuem, assim cada vez mais meu currículo valoriza. A maldita inclusão digital e econômica possibilita que outros também possam ter um currículo como o meu logo, tenho que inventar uma crise de regresso pra mostrar que o meu currículo vale mais. Afinal, quanto mais eu reclamar, mais civilizado foi o país que eu escolhi morar e significa, portanto, que no retorno eu valho mais.

Crise de regresso é pra quem ainda não fez as contas de quanto vale ser brasileiro. De quanto temos que extrair de nós mesmos energia e força de vontade pra mudar aquilo que nós permitimos diariamente que seja Brasil. Levanta e anda, rapaz. Síndrome, a uma hora dessas??? 



segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Como ser designer e vendedor ao mesmo tempo

É para ver com os olhos e não com as mãos! Esta é uma das frases mais ditas pelos pais quando nossos olhinhos infantis ainda insistem em tatear as prateleiras do mercado em busca de algo delicioso, gorduroso e bem colorido.

O culpado dessa inversão de sentidos? É o designer, aquele malandro por trás das embalagens, layouts, paleta de cores e mil outras artimanhas da pós-modernidade que insistem em elaborar a melhor forma de convencer qualquer pessoa que seu produto é o melhor e, por conseguinte levá-lo para casa. O designer é, portanto, um vendedor nato.

O cara estuda pra poder desenvolver uma maneira mais eficaz de fazer qualquer um acreditar que uma geleca mole, colorida e gelada vai fazer suas férias serem muito mais divertidas. Ou ainda que o conceito por detrás daquele modelo x ou y de relógio de pulso será a nova tendência da estação. Ou ainda, que o perfil da sua empresa a partir do layout de website desenvolvido por ele arrecadará mais e mais clientes, e tudo isso é igual a dinheiro na caixa.

O vendedor, aquela figura que sai de trás do balcão e caminha em sua direção abrindo um sorriso seguido por “em que posso ajudar?” é hoje só a pontinha do iceberg. O produto sendo ele um grafite na parede ou o desenvolvimento de uma marca, acaba sendo vendido não apenas pela presença física do vendedor tradicional, mas também daquele que pensou na trajetória, missão, visão e valores daquilo que está sendo comprado.

A função do vendedor “posso ajudar” confunde-se com o designer a ponto de serem consequência um do outro. Hoje, um bom vendedor deve entender de design e vice-versa.

terça-feira, junho 14, 2011

Rotulação e senso comum, a gente vê por aqui.

  • Sugiro que leia esse texto ouvindo a música Pagu, de Rita Lee e Zélia Duncan

Meu nome é Marina de Oliveira Pimentel, tenho 23 anos, sou jornalista, vou casar no final do ano com um homem também jornalista. Moro em Portugal há nove meses. Estou aqui porque sou mestranda da Universidade de Coimbra, uma das mais antigas e respeitadas da Europa. Sou mulher, BRASILEIRA e não, não sou uma vadia!

Decidi vir pra cá pela facilidade com a língua, a proximidadae cultural, por causa da fama da Faculdade e diga-se bem a verdade, porque mestrados no meu país ainda são muito caros.

Desde que cheguei a Portugal minhas impressões sobre este país são diversas e divergentes. Ora adoro, ora odeio. Isso se deve ao atraso econômico e cultural do país, das belas paisagens, do carinho com que fui tratada nesse tempo todo pelos portugueses e principalmente pelo preconceito para com os brasileiros, mas principalmente pelas brasileiras.

Ontem assisstindo um programa televisivo que faz sátiras ao Big Brother (O Último a Sair) a conversa dos participantes (atores e pessoas públicas de Portugal) era sobre a saída de uma moça, - a gostosa e burra - da casa. E lá pelas tantas uma participante disse que a tal nem se lembraria que tinha estado na casa devido à sua burrice. Outra participante emendou dizendo que a tal que havia saído era a "típica brasileira". Justificando-se em seguida: "faz o que quer".

Claramente as referências eram às brasileiras prostitutas e claro, ao rótulo que nós mulheres brasileiras temos mundo a fora. Nada mais do que vagabundas que saem do seu país para roubarem o marido das outras, mulheres honestas e donas de casa respeitáveis.

Ok, diante disso, deveria eu entrar no mérito do preconceito ignorante daqueles que escreveram o texto e ainda mais daquela (TAMBÉM MULHER) que concordou em reproduzir tamanha asneira ou "parvoíce" como muito se usa por aqui?

Será que devo combater preconceito com preconeito colocando aqui a imagem tosca de todas as nacionalidades que consigo imaginar agora? Devia eu reproduzir essa rotulação ridícula defendendo que nem toda brasileira é puta assim como nem toda portuguesa é bigoduda, nem toda colombiana é traficante, nem toda alemã é nazi e nem toda francesa é fedida?

Eu tenho plena conscinência de que a fama que temos dentro e fora do nosso país se deve exclusivamente a nós mesmos. São anos e anos de propaganda sexual, transformando bunda e peito em mercadoria pra gringo ver. Somos um bando de mulatas sambando com um cocar na cabeça e uma caipirinha na mão aguardando o próximo inglês chegar pra mostrarmos nossa "hospitalidade tupinambá".

Que fique claro, minha crítica aqui não é (diretamente) aos portugueses que tratam a brasileira como objeto. Mas a nós próprios que insistimos em vender essa imagem absurda de que: 1) no Brasil só tem verão, portanto andamos todas de biquini na rua e sim, você pode me comer a hora que você quiser, 2) somos um país "pra frentex" aqui tudo pode, chega mais que pra você também tem e se não tiver damos um jeitinho, 3) chegou janeiro, bora colocar a mulherada de tapa sexo no caldeirão do Huck porque é isso que é cultura, né não?!!!

Esse texto, em época de Marcha das Vadias e tantos preconceitos "políticamente incorretos" pode ser apenas mais um, ser um tema batido. Mas não, não admito mais ser tratada como piranha. E mais, ainda que fosse a mais piranha entre as piranhas ninguém tem o direito de apontar o dedo na minha cara e dizer como devo agir por ser dessa ou outra nacionalidade.

Chega de rotulação e senso comum, em português, brasileiro, inglês, espanhol, ou qualquer outra língua!

sexta-feira, março 18, 2011

Pois é...

- Sugiro que leia esse texto ouvindo uma música que goste muito...

Bom, para começar gostaria de me desculpar por não estar firme e forte aqui no Apenas. Mudar de país gera uma certa instabilidade emocional na pessoa e essa turbulência toda fez eu me afastar do blog.

Mas, gostaria de voltar a escrever aos poucos, contar histórias, dar dicas, mostrar lugares novos ou não assim tão novos, mas enfim... Deleitem-se....

segunda-feira, janeiro 31, 2011

Desculpas

Olá mundo!

Antes de mais, gostaria de me desculpar pelo ligeiro abandono do blog. A vida anda corrida e um pouco estranha também, assim, achei melhor dar um tempinho.

Os passos vão se ajeitando e tudo começa a se reorganizar... ou pelo menos, estamos em vias de...

Um abraço a quem acompanha!

Marina.

terça-feira, agosto 24, 2010

Viver no exterior

Além das notícias e do jornalismo diário o "Apenas" passará a publicar informações sobre a vida de uma estudante de mestrado em Portugal.

Os posts serão publicados na página "Vivendo Fora" aqui do Apenas e trará dicas e dados importantes para quem deseja cursar uma especialização, mestrado ou doutorado na Europa.

Além disso, todo o processo do aceite em uma Universidade estrangeira, gastos, custos, locais para morar, dicas culturais, locais para se visitar, etc. serão abordados nos textos do "Vivendo Fora".

Acompnahe a aventura de estudar no exterior aqui pelo Apenas o Início e mande suas ideias, sugestões e experiências.

sexta-feira, agosto 20, 2010

Marina Silva é destaque em jornal português

Candidata participou de sabatina internacional na tarde de hoje


Marina Silva, candidata do PV à Presidência participou de uma entrevista coletiva com jornalistas internacionais na tarde desta sexta-feira, dia 20/08. Nesta ocasião, Marina defendeu uma "mudança de paradigma" para o Brasil com relação a economia e ao uso sustentável de recursos naturais.

As declarações de Marina foram destaque entre outras mídias, na Rede RTP de Portugal. Além da entrevista da presidenciável, os incêndios brasileiros também ganharam espaço nos noticiários europeus.